A Starbucks do sorvete vem aí
Maior varejista de doces gelados dos EUA vem ao Brasil em maio para negociar a entrada no País
Por ADRIANA MATTOS
QUANDO ESTEVE NO Brasil pela última vez, em junho de 2008, o empresário norte-americano Sean Bock decidiu caminhar um pouco pela avenida Paulista, em São Paulo. Acabou passando boa parte de seu tempo livre na frente da loja do Bob's, próximo da rua Frei Caneca, observando quais eram os produtos que os consumidores saiam carregando dali. "Deu para perceber que os brasileiros adoram milkshake, hein? Como isso vende por aí", diz ele, de seu escritório no Arizona, sul dos EUA. Bock é o homem responsável pela área de expansão internacional da Cold Stone, a maior rede varejista de sorvetes e doces gelados do mundo. São 1.450 lojas em 12 países e receita anual acima de US$ 1,5 bilhão. A cada três dias, a Cold Stone abre uma loja no mundo - foram 550 novos pontos desde 2005. Há dois anos, a rede iniciou um trabalho de internacionalização da marca. Foi ao México, Indonésia, Malásia e reforçou as operações na China e no Japão. Para chegar ao Brasil foi um pulo. Bock estará em São Paulo no dia 11 de maio para tratar da vinda da Cold Stone para o País. O executivo ficará na cidade por uma semana, quando terá reuniões com investidores da área de franquias. A busca, a princípio, é por um master franqueado -- Bock já andou conversando com Peter Rodenbeck (o homem que trouxe ao País o Outback e gerencia a Starbucks) na busca de contatos. Já teria, inclusive, encontro marcado com a Brazil Fast Food Corporation, dona da marca Bob's e gestora da Pizza Hut - algo que ele prefere não comentar. Os rumores mais fortes indicam a abertura da primeira loja até o final de 2010. "Ainda não definimos data para isso. O que posso dizer é que esse não é um projeto do qual desistiremos. Estamos há um ano e meio tratando dessa questão. É um caminho sem volta", afirma.
Entre os locais possíveis para abertura de lojas estão o Rio de Janeiro e São Paulo - nessa ordem, ainda que Bock, polidamente, prefira não admitir preferências. Vai ser preciso, no entanto, que o novo parceiro tenha US$ 2 milhões, no mínimo, como capital de giro inicial e possa desembolsar em média US$ 300 mil por loja. É o montante gasto para abrir uma Cold Stone e o dobro do valor a ser aplicado numa unidade da Gelateria Parmalat. A questão é colocar a mão no bolso em tempos bicudos. Bock entende que o momento está longe de ser o ideal, mas, afirma ele, se trata de uma parceria a longo prazo. Além disso, a empresa diz estar aberta para adaptações ao modelo, o que pode ser crucial para o sucesso da rede. Tradicional, o brasileiro gosta mesmo de sorvetes e milk-shakes de chocolate, baunilha e morango, nessa ordem, segundo a Associação das Indústrias de Sorvetes. Mas a Cold Stone não é exatamente um sinônimo de simplicidade. Existem 11,5 milhões de maneiras de montar um sorvete nas lojas da rede. Todo o produto é fabricado pela empresa e a preparação acontece numa pedra de granito resfriada (daí vem o nome da companhia). A princípio, todos os insumos e equipamentos das primeiras lojas no Brasil serão importados."Vamos somar uma base maior de unidades para, então, nacionalizar a operação. Já sabemos que há fornecedores para nos atender", conta Bock.
A nacionalização pode reduzir custos e preços. A Cold Stone cobra no mínimo US$ 4 por colher de sorvete nos EUA. Em promoções, a taça sai por US$ 9,99. Na Haagen-Dazs, duas bolas do doce custam R$ 10. E a demanda anda estável no Brasil. Foram necessários quatro anos para que o consumo per capita no País passasse de quatro para cinco litros ao ano. O que atrai a Cold Stone é o contínuo crescimento da economia brasileira e o tamanho do espaço deixado no mercado pelos grandes competidores, como a Gelateria Parmalat e a La Basque. "Tenho um ótimo 'feeling' sobre o Brasil. Acho que vai dar muito certo", diz Bock.
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